terça-feira, 10 de janeiro de 2012

MATRIMONIO ESPIRITUAL

Matrimônio espiritual
Índice
1.      A beleza do Esposo
2.      A beleza da esposa
3.      O pecado como obstáculo que desfigura a imagem da esposa
4.      Como se realiza o encontro entre a esposa e o Esposo?    
5.      O encontro com o Amado
6.      O matrimonio espiritual

Introdução

Contemplar o céu onde encontra Deus, o Amado, o Criador
Primavera: meu coração batia forte ao sentir o perfume das flores e ao contemplar a paisagem verde-esperança.
Impossível não pensar em Deus e não desejar sua companhia.
“Como a corça deseja as águas correntes, assim minha alma anseia por ti, ó Deus”. Quando hei de ver a face de Deus? (Sl 42, 2-3).
Sentir Deus pertinho de mim e poder beijar a sua face. Quando somos íntimos de Deus, no momento da oração, meditação ou contemplação, podemos sentir a ternura e o afeto de quem nos ama com amor eterno.
Neste mundo de tantas coisas efêmeras, passageiras, o que vale a pena é contemplar o Amor eterno.
Contemplar Deus é muito mais que elevar o coração ou a alma a Ele como se tivesse distante de nós. A contemplação é experiência viva de amor. É como tomar um banho de óleos aromáticos e sentir a flor da pele todo o bem estar como se Deus estivesse nos tocando e nos acariciando.
O abraço de Deus é mais consolador que os braços da mulher amada. Ele nos ama com amor eterno. O beijo de Deus é melhor que qualquer beijo humano.
A presente obra é uma tentativa de apresentar ao leitor a melhor maneira de relacionarmos com Deus, por meio da oração.
A criatura é carente de amor eterno. Necessita sempre de ser acompanhada pelo amor infinito do Bom Deus.
No livro “Cânticos dos Cânticos” compostos de oito capítulos nos ajudará a compreender o matrimônio espiritual. Este por sua vez significa: viver uma aliança de amor com o Criador.
Como cristãos, sabemos que Jesus Cristo é a fotografia do Pai e, portanto, digno de nosso amor. Ele nos ama e nos convida a viver o grande mistério da unidade.
Todos somos chamados a viver unidos no amor de Cristo, Bom Pastor que nos conhece pelo nome e deseja fazer aliança com cada um, realizando um matrimônio espiritual com seus irmãos e irmãos.
O livro Cânticos dos Cânticos inicia-se com o desejo de que sejamos acolhidos por Deus como um esposo. A ternura de Deus é manifestada como um beijo: “Que ele me beije com os beijos de sua boca” (Ct, 1,2).
É o amor que nos tira da timidez e nos lança para frente, cheios da presença daquele que nos dá o sustento, a energia para sermos felizes e para cumprirmos a sua vontade, que é a construção da verdadeira identidade do homem e, saber cuidar do mundo com respeito e muita paz.
Quando contemplamos o Senhor dos senhores, o Rei dos reis, o Amor entre os amores, somos agraciados pela experiência de sermos o que somos e realizar em nossa vida o projeto que o Bom Deus tem para seus filhos e filhas.

A BELEZA DO ESPOSO

A beleza vai salvar o mundo.
Os olhos do Esposo é o Espírito Santo. Deus é encantador. A vida eterna consiste em conhecer o único Deus e Jesus Cristo (cf. Jo 17, 3). O salmista nos exorta: “provai e vede como é bom o Senhor feliz o homem que Noé se abriga” (Sl 34, 9).
Deus é como o orvalho que faz florescer o lírio e crescer o cedro do Líbano (cf. Os 14, 6).
O Amado é como a macieira entre as árvores dos bosques (Ct 2, 3). A macieira é raridade na Palestina. Ela simboliza o fruto do amor. Sua forma, seu sabor e suas flores perfumadas são símbolos da presença do Esposo.
Jesus disse: “quem comer deste pão viverá eternamente (Jo 6, 57-58). Ele é nosso refúgio (Sl 91, 2).

            O perfume do Amado

O nome de Deus é como perfume (Ct, 1, 3). Nas Sagradas Escrituras o Povo de Israel usavam perfumes. A mirra, o incenso foi dado a Jesus pelos reis magos, reconhecendo-O como o Messias, Emanuel (cf. Mt 2, 11), Antes de ser condenado a morte, Jesus foi ungido por Maria. O perfume que ela usou foi nardo puro (cf. Jo 12, 3). Nicodemos trouxe uns trinta quilos de mirra e aloés para preparar o corpo de Jesus, antes de sepultá-lo (Jo 19, 39).
Jesus morreu e ressuscitou! Ao enviar o seu Santo Espírito nos convida a sentir o seu perfume, sua presença e dar continuidade à sua missão. São Paulo afirma que somos o bom perfume de Cristo. Trata-se de um perfume inigualável. É preciso ter o cheiro de Cristo para sermos fiéis aos seus ensinamentos.
Contemplando a natureza permita buscar nela um exemplo que nos ajuda compreender o odor de Cristo. As abelhas vivem em colméias. A abelha rainha tem um perfume que recebe o nome de ferormônio. Trata-se da identidade daquela comunidade de abelhas que poderão chegar a seis mil abelhas numa única colméia. Todas têm o cheiro da abelha rainha. E quando retorna a sua casa, recebe uma porção do perfume da abelha rainha para de novo buscar o mel e o pólen. Uma abelha jamais fará parte de outra colméia. Ela é expulsa, ou morta se tentar entrar noutra colméia.  Será que nós temos a certeza de que as pessoas sentem o perfume de Cristo por meio de nossa presença?
Nós, os cristãos, devemos ter o perfume de Cristo e aprender a reconhecer nossos irmãos e irmãs. Quando viajamos para o exterior, onde é mais comum a presença de pessoas de outras religiões não-cristãs, sabemos distinguir quem é cristão. Porém, é assustador o número de pessoas que foram batizadas e não possuem o perfume de Cristo.
O perfume de Cristo é suave e sedutor. Ele respeita nossa liberdade, mas ninguém permanece o mesmo quando é tocado por seu amor. Seu perfume é o melhor do mundo, pois nos faz compreender e experimentar o Pai que é nosso Bom Deus. Por meio de Cristo aprendemos a arte de amar e aceitar nossa missão de amar, respeitar e colocar em prática as virtudes evangélicas.
Uma vez que somos cristãos, devemos transmitir às pessoas o perfume de Cristo (2 Cor 2, 15). Não podemos ser perfume de morte. Nossa presença deverá levar as pessoas a se comprometerem com os valores do reino. Devemos ser perfume de vida para todos. Os que procuram o caminho do pecado se transformam em perfume de morte para si e para muitos.
O nome de Deus é como o perfume. Jesus é o nosso perfume, pois ele nos ensina a mar. Eis o segredo da vida cristã. “Deus é amor” (1Jo 4, 8). Quem ama conhece o segredo da vida. Quem ama exala o perfume de Deus. O amor é o segredo da vida cristã, não é simplesmente o cumprimento de um dever ou ordem. É apenas testemunho de amor a Deus e ao próximo, sem distinção. 
Quando rezamos, o perfume de Deus exala em nós e transforma nossa vida. No livro Cântico dos Cânticos a esposa sente a presença do esposo por meio do perfume: “E enquanto o rei estava no meu divã, meu nardo exalou o seu perfume” (Ct 1, 12).
A esposa é comparada com a terra florida na primavera, chamada a estar na casa do Pai. “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (...). É o Filho que prepara estas moradas para todos nós, “a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também (Jo 14, 2).
O Amado é inconfundível. “Meu amado é claro e corado, inconfundível entre milhares. Sua cabeça é ouro puro e os anéis de seus cabelos, como cachos de palmeiras, negros como o corvo” (Ct 5, 10-11). Ele é santo, único, de uma beleza sem igual. Ele é “claro”, que significa luz e “corado”, o amor (cf. Mt 17, 2; Ap 19, 11). O ouro é símbolo do divino. Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8, 12). As palavras que saem de sua boca são como o mel (Sl 119, 103). Ninguém falava como Ele. Seu discurso era saudável (Mt 13, 54; Jo 7, 46). Só quem ama compreende as palavras sábias do amado. Grande é o seu nome (Sl 8, 10).
O esposo é comparado com o Templo de Jerusalém.
A beleza do corpo de Jesus (Jo 2, 21). Ele é o mais belo dos filhos dos homens.[1]
A BELEZA DA ESPOSA

No livro Cântico dos Cânticos, o autor compara a esposa com a “potranca” das carruagens do Faraó (cf. Ct 1, 9). Esta comparação significa beleza, elegância e fortaleza. A esposa é a amada com suas vestes luxuosas. O Amado é o próprio Deus que procura a amada (Israel) ou a Igreja. Ele deseja manter aliança com ela e lhe faz elogio em relação à sua beleza. A beleza da esposa é a fidelidade digna de ser contemplada e amada. Deus desceu do céu em Cristo por amor a sua amada. E como é bom ser amado por Deus como esposa. Ele mesmo se alegra quando seus filhos e filhas abrem seus corações ao seu infinito amor.

O ser humano é obra de Deus. Ele mesmo viu que era bom (cf. Gn 1, 26). O grande sonho de Deus é ser amado pelas obras de suas mãos de maneira livre. Deus deseja amar cada dia mais seus filhos. Quem ama renuncia a si mesmo para servir o amado. O Esposo ama livremente e o seu amor é real.[2]

Você é tudo para Deus. Mesmo que não se sinta amado por seus irmãos, Deus te ama. Ele é nosso pai. Como é bom chamarmos a Deus de Pai. Deus tem um nome. Ele é santo, é amor eterno. Se aprendermos a meditar e encontrar Deus em nossas orações, saberemos como deixar a tristeza, a depressão, a angustia, e em seus lugares viveremos na serenidade, paz e na alegria.

Devemos entender que Deus nos criou como coroamento de todas suas obras. Deus nos fez “um pouco menor que os anjos” (Sl 8, 5). O homem é obra-prima de Deus. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus Uno e Trino. Deus disse: “façamos o ser humano...” (cf. Gn 1, 26). Em Cristo, participamos da vida trinitária (Jo 17, 11-23).

“Sou a flor do campo e o lírio dos vales. Como o lírio entre os espinhos é minha amada entre as moças” (Ct. 2, 1-2). Trata-se de um imenso tapete dourado. Delicadas cores penetrantes e perfumadas. De fascinante beleza para ser contemplada. Jesus elogia os lírios do campo, dizendo que eles não trabalham e nem fiam e são mais bonitos que as vestes do rei Salomão (Mt 6, 28).


Olhos de pomba

Para quem não conhecem, as pombas são exemplos de fidelidade. Depois do acasalamento elas não traem o seu parceiro. Segundo estudo... São fiéis até a morte. Os olhos da pomba é unifocal, ou seja, olha numa única direção. É símbolo do amor não apenas pela beleza, pela mansidão, mas também por ser símbolo da fidelidade.
O olhar da esposa brilha como luz que vê a pureza da alma, do coração e de todo o seu ser. Disse Jesus: “o olho é a lâmpada do corpo. Se o olhar for puro, todo o corpo está iluminado (cf. Mt 6, 22). No livro Cântico dos cânticos o autor recorda que os olhos da amada é “de” pombo e não “parecido” com os olhos de pombo. Isto revela que o nosso amor por Deus deve ser unifocal.

A pomba é símbolo de inocência, renovação interior por meio da entrega total de si mesmo a Deus. É também símbolo de pureza. É convite à fé no único Deus que nos selou uma aliança sagrada conosco. No do dilúvio, Noé soltou uma pomba e ela trouxe um ramo verde. A amada tem uma missão: ser promotora da verdadeira paz, que é certeza de um novo tempo, novo reino.

A alma, em quietude, repouso, não há necessidade de mover sequer a mão. Antecipação da vida eterna e verdadeiro conhecimento de Deus, seu reino e seu banquete. 115. Jo 17, 3.
O Povo de Israel é a planta predileta do Senhor.
Esposa: vinha em flores.
A esposa pode ser comparada com as belezas da Palestina (Ct 4, 1-5.7). A esposa também é comparada com a cidade de Deus (Ap 21, 9-23).
A Esposa ama loucamente sua esposa. Ele também tece elogios, pois a esposa foi criada à sua imagem e semelhança. “Tu és bela, minha amada, formosa como Jerusalém. Teus cabelos são como um rebanho de cabras. Seus dentes como rebanho de ovelhas que saem do lavadouro, sua face como metade de romã (Ct 6, 4-7).
A amada é aquela que avança como aurora, bela como a lua incompatível como o sol, terrível como um exército em linha de batalha (cf. Ct 6, 10). Ela vence o inimigo e retorna a inocência. Por isso podemos dizer que o amor é forte como a morte. Com amor a esposa vence todas as batalhas da vida. O amor requer coragem, renúncia dos amores desordenados, combate aos ídolos.

O pecado como obstáculo que desfigura a imagem da esposa

O amor da esposa é limitado, pois nela mora o pecado.
Pecado: - Quando alguém ofende a pessoa amada sente um remorso muito grande. Nem consegue olhar nos olhos da pessoa amada. Como o ser humano é infiel e olha em tantas direções. Quantas vezes negamos a Cristo ou renegamos nossa fé por causa do pecado, dos ídolos do mundo moderno? A negação do apóstolo Pedro fui reparada depois que ele voltou atrás e passou a amar a Jesus e a tomar conta do rebanho a ponto de morrer como Cristo numa cruz. E você está preparado para retomar o bom caminho e contemplar unicamente a Deus? Há quanto tempo vai ficar saltitando com um pé lá e outro cá?...
Quando renunciamos tudo na vida, Deus se apresenta, mas quando nossas mãos e nossos corações estão cheios de coisas não sobra espaço para o Criador. Idolatria é apegar às coisas do mundo e deixar Deus de fora, na periferia de nossa vida.
O inferno é viver sem amor, viver longe do amado. “Tudo é do Pai, toda honra e toda glória” (Pe. Fábio de Melo). Sem Deus tudo é noite. Noite sem lua, sem estrelas. Tudo perde o sentido. Nesta hora que as desolações, o medo, a insegurança nos anima a retornar ao bom caminho que nos reconduz ao Pai.
No vazio de nossa existência, somos chamados a buscar o Deus fiel. Ser íntimo de Deus nos ajuda a servir os irmãos. Não é possível amar o irmão com respeito se não experimentamos o amor de Deus.
Primavera de amor sem igual. Primavera é tempo de alegria. Depois de ter passado por provações: tormentos e remorso por causa do pecado (exílio).
Prender as raposas (Ct 2, 15) Dt 20, 17. As raposas: o pecado, egoísmo, afeições desordenadas.
Nações que invadem a vinha de Israel (Lm 5, 18).
O Amor é exigente (ciumento) não tolera nenhum tipo de pecado.
Fidelidade da esposa ainda insegura.
Luz e sombra, exaltação ou cansaço, força e fraqueza, presença e ausência, plenitude de alegria e vazio de solidão.
Horror do pecado – exclusão do Esposo, negação da vida, da beleza do amor, da morte, feiúra, vazio, insatisfação, amargura, tormento e remorso.
O voto – dom de amor. Eu me entrego a Deus completamente. O não casto ofende a deus e faz uma ferida no coração de Jesus.[3]
Deus nos abandona para de novo retornar sua missão de transformar nossa vida com seu imenso amor.
Conversão interior, oração íntima e contínua. Que é caridade. O coração de pedra deve ser quebrado e substituído por um coração de carne (cf. Ez 36.26).
Ó beleza sempre antiga, tarde demais eu te amei! (Santo Agostinho).[4]
O pecado é a negação da vida e da beleza, do amor.
Todo ato de pecado é uma rapina, roubo de uma parte do holocausto, roubo de algo que pertence ao Senhor (oblação).
Os leões e leopardos são os inimigos de Israel. O Líbano – montanhas, obstáculos. Ao longe, terras estrangeiras. “Em meio aos leões” (Sl 57, 5).
O Povo procurou água barrenta em cisternas furadas (ídolos) (Jr 2, 13).
Fomos batizados em Cristo (Gl 3, 26,28).
Unção em Betânia. Toda casa ficou perfumada (cf. Jo 12, 3).
Às vezes pedimos que Deus viesse em nosso auxílio, ele vem, bate na porta de nosso coração, mas o encontra tão mal, cheio de podridão, que ele nem entra. Vai-se embora! Tudo isso por causa do pecado.
Não estamos convictos e nem somos capazes de convencer a Deus que somos dignos de seu amor. Por isso, ele foge de nós.
Depois das ondas bravias do pecado, a calma de uma paz infinita.

            COMO SE REALIZA O ENCONTRO ESPIRITUAL
            O beijo santo
Sem o amor de Deus nada somos. É o amor de Deus que nos criou, pois somos filhos daquele que é amor em plenitude. Receber de Deus a energia, a seiva que nos alimenta é como sermos beijados por Ele.
Nossa alma é como uma esposa predileta de Deus. Somos únicos e irrepetíveis. Cada um tem a alegria de viver e conviver com Deus, como aquele que caminha conosco e é mais íntimo para cada um de nós do que nós mesmos. Ele nos conhece mais do que a nós mesmos. Foi Ele quem nos criou por amor. E nos chamou pelo nome.
A vida do ser humano só tem sentido se for vivida no amor de Deus. Nossa aventura inicia-se quando alimentamos o desejo de beber o vinho sagrada da taça do amor de Deus. Por meio deste brinde de amor, contemplamos a Deus e Ele nos revela sua identidade.
Orar é sentir o perfume de Deus, pois às vezes não o vemos, mas podemos sentir sua presença. Como seria bom se uma multidão de jovens, adolescentes pudesse contemplar a Deus, o amor eterno, antes de enfrentar o mundo dos relacionamentos humanos.
A condição para sermos felizes é lançarmos em primeiro lugar um olhar ao Bom Deus. Com o olhar de Deus saberemos compreender os irmãos e a nós mesmos, a fim de construirmos um mundo de justiça e de paz.
Contemplar a face de Deus é ir ao seu encontro e não ter medo de quem jamais nos separou de nós, desde quando fomos concebidos no útero materno.
Quem não gostaria de encontrar o Autor da vida por meio da oração, da contemplação da natureza? Nos campos floridos ou na sombra amiga de uma árvore, encontramos o Bom Deus. E neste encontro, nossa alma e nosso coração se enchem de consolação e vida.
Nossos pensamentos vão a outras direções quando o amor de Deus nos acompanha. Quando encontramos o verdadeiro sentido da vida, mudamos de mentalidade, deixamos de lado ideologias para vivermos a verdade e o amor.
Como a chuva que lava e purifica o Bom Deus deseja nos purificar de todos os males. Se Ele está em nós, agindo em nós como sua graça e seu Espírito, nada terá sentido. O que mais o homem necessita se Deus habita em seu interior? Tudo o que é relativo perde o sentido. Só Deus basta!
O olhar de Deus é como uma flecha que acerta nosso coração e nos fere com seu amor. É uma flechada certeira que mata o egoísmo e orienta nossos desejos segundo a sua vontade.
Ele mata o homem velho e faz renascer uma nova criatura, mediante o seu amor. Somente que é amado por Deus poderá amar verdadeiramente.
Quando uma jovem é atraída por um olhar de um simpático pretendente fica toda enamorada e só encontrará paz quando estiver unida ao seu amado.
O olhar de Deus é como um raio de luz. Jesus olhou para o apóstolo Pedro, depois que ele o atraiu. Seu olhar era de ternura, mas ao mesmo tempo, um convite à conversão. Ninguém consegue permanecer o mesmo quando Deus lança seu olhar.
Nossa alma é comparada com a esposa de Cristo. A alma não tem sexo. Portanto, seja você homem ou mulher, considere como esposa do Criador. Você é Igreja, esposa de Cristo. Portanto, em se tratando de linguagem espiritual, o matrimônio espiritual poderá ser compreendido como a união da esposa e do Esposo.
Quem é casado (a), ao desenvolver uma vida de oração, reconhecendo sua intimidade com Deus e experimentando a mística da presença de Deus, saberá ser sinal de amor para seu cônjuge. Os celibatários e os que fizeram os votos poderão estar unidos a Cristo a fim de serem fecundos e criar novos filhos para a Igreja.
Nossa alma pula de alegria, dança em festa quando sentimos Deus pertinho de nós. Como é bom ser beijado por Deus. O toque que Ele proporciona aos que o invocam lealmente é transformador. Ele nos purifica do pecado e nos dá as verdadeiras consolações.
Procure amar a Deus com toda alma, com todo o coração e com todo o entendimento. E para realizar tal exercício, basta concentração. Esqueça de tudo lá fora e mergulhe no ser Deus que está dentro de seu coração. Você poderá também contar com o auxílio de suas obras, pois a beleza de toda a criação reflete a glória de Deus.
A música é uma ótima maneira de nos aproximar de Deus. O louvor agrada a Deus. E como fórmulas de oração, as Sagradas Escrituras, sobretudo os salmos que nos proporciona diversos temas de oração. Por meio destas orações encontraremos o Bom Deus.
Rezar é beijar a face de Deus e ser beijado por que nos ama como verdadeiro pai. Podemos comparar o beijo de Deus como o beijo da mãe. Pois Deus é muito mais que pai. Ele é Deus, capaz de amar como ninguém nesse mundo.
Mesmo no sofrimento, quando abrimos as portas da esperança e da fé, Ele vem ao nosso encontro e nos auxilia nos momentos de prova, transformando nossas dores em dias de glórias.
No desespero, encontramos Deus que nos revigora nossa esperança. Na dor de quem foi injustiçado ele retira o ódio e preenche com seu amor. Na solidão de ser incompreendido, ele nos aponta o caminho da verdadeira paz. Nossa falta de fé é confrontada com inúmeras razões para tê-lo como guia e pastor. Enfim, o diálogo e o encontro com Deus deixam marca no coração de quem o experimenta.
O grito de amor, no sofrimento, desperta em Deus o desejo de cumprir sua missão, a de ser redentor de nossa alma e doador de todos os bens.
Sacrifícios e testemunho de amor e fidelidade a Deus por meio da caridade fraterna, respeito são atitudes valorizadas pelo Bom Deus. Até mesmo um copo de água dado ao irmão tem o seu valor. Portanto, o Bom Deus nos convida a praticar o amor, mas antes ele permite que nós experimentemos seu amor infinito para irmos ao encontro dos irmãos.
Uma vez que meu coração é ferido pelo amor Deus ele é dilatado e passa a ser morada do Altíssimo. Nesse momento posso colocar e sentir a presença até mesmo de meus piores inimigos entrando nele e participando de minhas alegrias.
Quando estamos longe de Deus e de seu amor, temos a sensação de que as pessoas não encontram lugares em nossos corações, mesmos nossos amigos. Que pena! Os que nos odeiam não podem entrar em nossos corações quando estamos irados, aliás, nem mesmo nós suportamos um coração cheio de ódio, avarento, triste e mergulhado no pecado.
Muitas vezes nem mesmo nós nos suportamos. Em muitos momentos de nossa vida, se nos colocarmos diante do espelho ao invés de beijar aquela pessoa que está ali refletida nele, consumida pela raiva quebraria o espelho.
O Bom Deus deseja nos beijar com seu beijo santo, nos convidando a vida de paz interior e de amor sem medidas que se inicia com a oração, concentração, meditação e contemplação de nossa identidade e nossa missão.
O salmista nos ensina: “Minha alma desfalece e suspira pelos átrios (casa) do Senhor. Meu coração e minha carne exultam no Deus vivo” (Sl 84, 3). Exultar significa pular de alegria. Que bom encontrarmos um espaço em nossa casa ou na igreja (templo) para fazer nossa oração. O salmista acrescenta: “Para mim um dia nos átrios do Senhor vale mais que mil em outro lugar (Sl 84, 11).
Ao contemplar a criação de Deus nossa alma deve derreter de felicidade, pois somente Deus é o criador de tudo e merece o nosso louvor. Peca gravemente aquele que não respeita a natureza, maltrata os animais não cuidam das plantas, criaturas de Deus. O respeito por Deus começa no trato que devemos ter com toda a criação.
O Senhor Deus é quem tem o poder de fazer nascerem todas as plantas e, sobretudo flores e frutos para nos alimentar e nos dar a garantia de vida. O que seria do homem se não tiver acesso à água e os bens da criação? Até mesmo o ar que respira, se estiver poluído poderá causar a sua morte.
A cada instante de nossa vida Deus nos beija com a presença do sol, da lua e das estrelas. Ele nos beija com o calor do verão e com o frio do inverno. Ele nos beija quando faz cair a chuva das nuvens do céu e nos beija quando vamos a fonte saciar nossa sede. Ele nos beija quando comemos ou quando simplesmente pressionamos nossos pulmões para recebermos oxigênio. Ele nos beija quando nos permite pensar, elaborar planos. Porém, quando usamos toda a criação de modo egoísta ele se afasta e nos deixa inquietos, com medo, com nossos ódios, nossos julgamentos e incompreensões.
O beijo de Deus é constante. Ele está sempre presente em nossa vida. Somente se ausenta quando preferimos as trevas de nossos pecados. Quando somos enganados pelo tentador e pelo espírito deste mundo.
O beijo de Deus é dado a todo o momento e é sentido por aqueles que fazem a sua vontade. Quando rezamos o beijo de Deus vem em forma de graça, espírito, energia, semelhante ao perfume. Raramente as pessoas dizem: padre, hoje enquanto estava rezando sentir perfume de rosas. Normalmente estas pessoas são sensíveis e conseguem perceber a presença de Deus. O perfume é um modo de sentir a presença daquele que está presente de forma espiritual.
Sentir o beijo de Deus é descobrir a magia da vida. É compreender que o homem é também espírito. E esta dimensão é a mais importante de sua vida, pois o lado espiritual do homem permite que ele viva em comunhão de amor com o Criador.
Com a Palavra, Deus nos beija e nos acaricia sempre, não por meio de leis severas, mas com palavras de ternura e de misericórdia. A Palavra de Deus é como espada de dois gumes, porém, ela é violenta apenas com o pecado que é obstáculo que impedem o homem a viver em paz com o Seu Criador.
O beijo de Deus como um sopro de vida que nos revigora em seu amor e nos dá a liberdade de filhos e filhas daquele que nos chama pelo nome.

Diante de mim preparar uma mesa aos olhos de meus inimigos; unge com óleo minha cabeça, meu cálice transborda (Sl 22, 5). O Senhor é parte de minha herança e meu cálice (Sl 16, 5) 

Ele me dá força em meu sofrimento, pois sabe que o ser humano é sempre vulnerável. Ele me sustenta com “bolos de uva” e com maças e me faz desfalecer de amor (Ct 2, 5). Os bolos de uva eram oferecidos para as divindades e tinha. Era usado como iguaria afrodisíaca.

O amor vence todas as forças contrárias. A bandeira do amor ou a arma do amor é imprescindível (Ct 2, 4). Muitas vezes perdemos as forças e necessitamos ser revigorados, curados. As pessoas dizem: “eu morro de saudade”. Trata-se de um sofrimento que só tem cura. A dor de amor, só tem cura com o amor. A doença de amor só se cura com amor.

Santa Tereza de Jesus dizia: “morro porque não morro” (...). Quando a santa foi atingida pela flecha do serafim, a flecha do amor.

O amor e a vontade são diferentes. O amor é uma flecha lançada pela vontade. Se a vontade está livre de todas as coisas terrenas, não buscando nada a não ser atender o desejo de Deus, lança com toda a força uma flecha e atinge a Deus, e, Deus que é amor retorna para a alma esse mesmo amor (Sta Tereza de Jesus). Portanto, quem ama a Deus é como quem projeta uma luz no espelho e será beneficiado desta mesma luz.

A morte não trás medo quando o desejo de ver Deus é saciado. Quem aproxima de Deus não teme nada neste mundo (Sta Tereza).

O estigma de São Francisco. Uma ferida incurável (Jr 30, 12.17). O espinho na carne São Paulo...

No sofrimento Deus sabe que poderá ficar conosco. Se for através do sofrimento que lembramos mais de Deus, ele pode permitir que passemos por sofrimentos. Como uma criança que inventa doenças para não ir à escola e ficar com a mãe.
“Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós” (Mt 11, 29).
A intimidade com Deus vai além das orações rotineiras. Não pode existir atividade sem intimidade. Não existe ação sem contemplação. Toda vida deve ser uma oração. Por isso, podemos dizer: a melhor oração é amar.
Não é necessário multiplicar as palavras (Mt 6, 8). O Bom Deus sabe do que precisamos. E o que necessitamos é da companhia dele em todos os momentos de nossa vida.
Amor oblativo

O amor oblativo significa sair de si e ir ao encontro do outro, sobretudo do Outro que é Deus. O amor do esposo que tornará bela a Igreja. Quando a Igreja se espelha em Cristo e vive segundo seus mandamentos torna-se sinal de salvação.[5]

Mesmo por causa de nossos pecados, o bom Deus não nos abandona. Todos somos pecadores e necessitados do amor de Deus para nos purificar e nos tornar aptos para vivermos em comunhão com Ele. Muitas vezes a veste da caridade está imunda pelo pecado do egoísmo, da indiferença e muitas vezes encardida pelo julgamento. Muitas vezes escolhemos as pessoas para amá-las e esse é um grande defeito.

O profeta Isaías alerta as senhoras de Jerusalém em relação ao seu pecado. Por causa do seu pecado seus cabelos iriam cair, os colares, braceletes, anéis, vestes de gala seriam tirados. Nada de xales, perfumes e roupas luxuosas (Is 3, 16ss). Quem comete pecado é semelhante a uma mulher mal vestida. Uma vez que volta para o seu Deus e recebe o perdão, de novo é adornada com jóias e roupas elegantes.

Deus ama o homem com carinho e cuidado. Ele é rei do universo e veio dar testemunho da verdade. (Jo 18, 37). Quem é da verdade escuta a sua voz. Ele é nosso pastor (Jo 10, 1-16). Ao ouvir a voz de Cristo somos chamados a darmos testemunho de seu amor, amando os irmãos como ele nos ensinou (cf. Jo 14, 34).

O Bom Deus é quem toma a iniciativa em ir ao encontro de suas ovelhas. Ele as chama pelo nome e cuida de todas com carinho (cf. Ez 34, 11-16; Is 40, 11; Sl 22, 1-4). O ser de Deus é para fora. Ele se preocupa com todos os seus filhos, de modo especial os mais necessitados. Jesus tinha predileção pelos pobres, doentes, pecadores. Ele veio para os que estavam doentes...

No encontro com os discípulos de João Batista, André e Simão Pedro, Jesus disse: “Vinde e vede!” (Jo 1, 38-42). A partir deste momento iniciou-se a formação do pequeno grupo de discípulos para incendiar o mundo com o amor de Deus.

No encontro com Cristo nosso caminho é iluminado. Ele é a luz do mundo (Jo 8, 12). A videira que nos concede a seiva para produzirmos bons frutos (Jo 15, 5). O Senhor vem em nosso socorro para nos salvar (cf. Sl 80, 4; Jr 31, 10).

Os desencontros também são importantes em nossa caminha espiritual. Quando estamos distantes de Deus, sentimos vazios e solitários, como que num deserto. Na ausência de Deus, nosso esposo, cresce o desejo de buscá-lo e, encontrando-o fazer todo o esforço para mantermos unidos a ele. O drama de toda humanidade é afastar-se do criador. O maior pecado que cometemos é o pecado de omissão. O bom Deus vem ao nosso encontro e nós, muitas vezes o negamos, inventamos desculpas ou achamos que não é tão importante permanecer unidos a Ele.

O cristão deve seguir as pegadas de seu Mestre ou pelo menos seguir o exemplo de tantos irmãos e irmãs que souberam colocar toda sua confiança em Deus. Quem segue Jesus é porque o conhece. Ninguém o procura sem encontrá-lo. Nossa inteligência deve ser iluminada pela fé, pois o amor oblativo só é possível quando aprendemos a amar a Deus e seguir seus ensinamentos.

O que nos faz tomar decisões na vida, sobretudo fazer parte da comunidade dos que crêem em Cristo e segue seus caminhos, é o amor de Deus por nós. Uma luz interior nos diz: é por aqui! E, confiantes procuramos o Senhor (Sl 131, 1-3). Deixamos de seguir nossos caminhos e passamos a percorrer os caminhos do amor (cf. Is 55, 8). Ao receber o Espírito Santo de Deus também iniciamos a produzir bons frutos em nossa vida.

A comunhão com Deus produz alegria e paz, a bondade e o amor, enfim todos os frutos que nos faz dignos discípulos e missionários do reino do amor. O Espírito do Senhor nos indica o que devemos fazer e como devemos agir para transmitir a vida e semear o amor a todos as nações.

Para amarmos uns aos outros e o próprio Deus, devemos fazer experiência do amor (cf. 1 Jo 4, 10). Permanecendo no amor de Cristo podemos irradiar o amor aos irmãos (cf. Jo 15, 9).

O óleo santo
O óleo é sempre sinal de bênção, consagração a Deus e aos irmãos. No batismo somos ungidos para que na força do Espírito Santo possamos renunciar ao mal e professar a fé em Deus. Deus nos consagrou na verdade e na justiça. Trata-se do óleo da alegria no qual somos chamados a fazer a vontade do Pai (cf. Sl 44, 8).
O demônio tenta de todas as formas perverterem o coração do homem. Ele deseja enganar os filhos e filhas de Deus. A mentira é sua arma. Ele quer tornar absolutos os bens deste mundo, pois sendo uma criatura espiritual, usa dos bens criados. Ele não cria nada. Por isso, podemos ser seduzidos por ele e até sermos transformados em seus instrumentos. O amor verdadeiro não está apegado aos bens deste mundo, nem mesmo fundamentado no amor humano, caricatura do amor divino. No matrimônio cristão o cônjuge deverá ajudar o seu esposo (a), porém, é chamado a reconhecer que é Deus o amor eterno e salvador. Portanto, mesmo casado o homem confia em Deus, a fim de partilhar com seu cônjuge o amor único e verdadeiro.
Pelo batismo, ungidos com o óleo em nome do Senhor, de modo especial quando somos ungidos pelo óleo da crisma, somos inseridos no Corpo místico da Igreja que é Cristo. Nossa participação nesse corpo requer entrega total de nossa vida ao Pai por meio de Cristo. Agindo assim, seremos felizes, pois o que temos e o que somos pertence ao Pai celeste. Somos apenas administradores e temos a graça de viver unida a Cristo e ao Pai, por meio de seu santo Espírito.

Depois do batismo fomos ungidos com óleo da salvação. E uma vez fazendo parte da Igreja, devemos desenvolver nossa participação como sacerdote, profeta e rei. O batismo nos dá uma dignidade tão grande que nada nesse mundo pode ser mais significativo do que sentir membros da Igreja de Cristo.

A unção com o óleo do crisma é acompanhada pela oração do Bispo: “Deus todo poderoso, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, pela água e pelo Espírito Santo, fizestes renascer este vosso servo, libertando-o do pecado, enviai-lhes o Espírito Santo Paráclito; dai-lhe, Senhor, o espírito de sabedoria e inteligência, o espírito de conselho e fortaleza, o espírito de ciência e piedade e enchei-o do espírito de vosso temor” (Ritual da Iniciação de Adulto, em Rito simplificado para iniciação de adultos, n. 269, p. 118).

O amor a Cristo é universal. O verdadeiro cristão considera todas as coisas como relativas para ganhar Cristo e viver de acordo com seus mandamentos. Os reis de Israel eram ungidos para servir o Povo de Deus. Hoje somos ungidos para vivermos em comunhão com Deus. Esta é a aliança eterna que faremos com o Senhor: sermos propriedade sua e tê-lo como nosso único e Bom Deus.


A encarnação é o encontro com o amado e a amada. Aqui se desenvolve um amor místico, espiritual. Trata-se do casamento de Deus com a humanidade, realizada por meio de seu Filho Unigênito. O ser humano é templo do amor Deus.[6] Na oração o homem contempla a beleza do Amado de sua alma. Contemplar é como um banho refrescante no tempo de verão, depois de tomar o sol. É como ser banhado todo o corpo com cremes depois de sentir a pele seca pelo calor. Ao contemplar a Deus entramos em comunhão com Ele e temos acesso da glória que seu Filho recebeu, a fim de que a nossa alegria seja plena (cf.Jo 15, 11).

Ambiente onde acontece o matrimônio espiritual

Qual é o ambiente ideal para conversar com Deus, entrar em comunhão com Ele? No livro Cântico dos Cânticos o leito todo em flores, as vigas da casa de cedro e o teto de cipreste. Segundo G. Manzoni, as flores demonstram a beleza, porém depois de poucas horas estão murchas. É símbolo de coisas efêmeras. O amor da amada é limitado.[7] O cedro é símbolo de que o amor é divino, sacro e, o cipreste é símbolo de eternidade. O Templo de Jerusalém foi construído de cedro e cipreste (cf. 1Rs 5, 22-24).
A esposa é comparada com a terra florida na primavera, chamada a estar na casa do Pai. “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (...). É o Filho que prepara estas moradas para todos nós, “a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também (Jo 14, 2).

Amor oblativo: nada é pequeno no amor. No deserto se contempla Deus, o Esposo.
Alegria e provas. Isso é vida espiritual. Ausência, aridez. À noite: nada de pássaros, flores e nem canto. Tristeza, lamentações, lágrimas e pranto.
Via dolorosa da purificação. Tudo desaparece (pessoas, coisas).  O que existe é apenas o Esposo. Isto é o seu universo![8]
1 Jo 4, 16. O amor é um grande mistério. É o Amado que nos procura. A criatura não é nada. Deus é tudo.
O coração do homem é o lugar que Deus gosta de habitar. É o lugar mais sagrado. Israel um Povo tão pequeno, mas que o próprio Deus o escolheu como sua amada.
O homem que acolhe Deus em seu coração faz experiência dele de modo real.
A vida espiritual é docilidade à ação misteriosa do Espírito.
Viver é Cristo e morrer é lucro (cf. Fl 1, 21). Única realidade – o mundo do pecado atrapalha, porém quem vive de Cristo compreende e é capaz de ver Jesus em todas as coisas, de modo semelhante.
Criação: reflexo do amor de Deus
Ver o Esposo na luz do dia, no cantar dos passarinhos, na voz do vento, na beleza das flores.[9]
Tudo foi feio por meio dele (Jo 1, 3).
Você viu o meu Amado? A esposa o procura à noite.
Deus fala mediante ao seu Espírito.
Condições: caridade, renúncia e humildade (Santa Tereza de Jesus)
Purificação: dizer não ao pecado, ou seja, dizer não a tudo o que é contrário ao amor.
Noite dos sentidos e noite do espírito (ativa e passiva).
Conclusão liberdade interior (direção espiritual)
Exemplo você é sensível em relação aos outros. De repente, encontra alguém indiferente. No início parece uma desgraça, porem, é uma grande graça. Assim descobrirá a não depender dos amores humanos e estará pronto para saborear o amor divino.[10]
Assim a pessoa amadurece não forma de amar em relação aos outros, sem cair numa emoção à flor da pele (infantil).
Discernimento dos espíritos – tudo o que vem de Deus, mesmo que seja doloroso, obscuro, árido, mais cedo ou mais tarde deixa um perfume de paz, serenidade, de alegria.[11]
E o que não vem de Deus, inquietude, raiva, perturbação interior, medo, etc.
Questões psicológicas deverão ser analisadas por um por um profissional nesta área.
Noite dos sentidos – Deus purifica a alma do egoísmo e dos vícios capitais: soberba...
Esvaziar a mente, a memória, à vontade e tudo o que é contrário a Deus e seu projeto de amor.
Ser livre na alegria, na tristeza, na dor, no desejo, temores. Ser livre para viver na alegria, longe do tédio, não construir castelos de areia, fugir da angústia. [12]
Orar ao Espírito Santo, sobretudo pedir o dom da piedade.
O amor; aventura duradoura e profunda – busca conversão total.
O espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mt 26, 41).
Darei a minha vida por ti (Jo 13, 37-38).
O caminho do amor é infinito (cf. Ct 3, 6-11)
Terceira parte – grave e solene. Marcha militar, incenso – manifestação divina. Moisés fez experiência de Deus através da sarça que não se consumia (Ex 3,3). O maná (Ex 16, 15). Coluna de nuvens (Ex 13, 21). Deus avança no deserto com seu povo, rumo à terra prometida. No Sinai teofania; o monte pegou fogo (Ex 19, 18).
Templo fumaça. Vocação perfume (cf. Is 6, 4)
Liteira e arca: O lugar onde mora a potência de Deus. A liteira é uma carruagem ornada para as núpcias. Com ela veio um grupo de guerreiros para seqüestrar, raptar a amada. Tirar a esposa das raízes, romper com relacionamentos antigos. A vida espiritual não é sempre um idílio de amor, não é só um mar de rosas. Tem os momentos de dificuldades, porem, não pode faltar a determinação, a força e até mesmo a violência.
Salomão – Filho de Davi, príncipe da paz (Mt 17, 5). Deus de Israel caminha (Is 52, 12).
Abrir as portas para o rei da glória (Sl 24, 9-10).
Contra os espíritos maus (Ef 6, 12). Combate com a espada de fogo (espírito) (cf. Ef 6, 17).
Só o poder de Deus pode tirar o homem do pecado. Sozinha a alma é frágil. Não basta a voz, o apelo, é preciso tirar a alma dos antigos amores, senão ela volta aos ídolos.[13]
Ruptura, ambiente, pessoa, etc. É sabia a alma que implora a intervenção de Deus para libertar-se de tudo.
Obter liberdade do coração, alegria, liberdade de tantas picuinhas, TV, amizades, etc. angústia, opressão, tristeza, pessimismo, buscar equilíbrio interior. Dizer não às paixões, à ansiedade. Nova vida.
Amor viril, forte, decidido que supera toda ansiedade e busca uma nova vida. Tudo isso é obra da ação do Esposo em nossa alma. Ele retira os obstáculos, porém, não o faz sem nossa permissão. Ele defende e sustenta aqueles que o ama.[14]
Por isso, foram necessários sessenta guerreiros para raptar a alma. No fim, a amada perde a batalha, como Jacó que, ao amanhecer foi derrota. Porém, pediu que o abençoasse. Somos frágeis, mas precisamos lutar com Deus, com determinação e perseverança. No final ele nos convence. Que bom que somos sempre perdedores diante de Deus. Esse resultado nos dá garantia de mudança de vida e de permanência no amor e na verdade.
Na oração não podemos dar volta sobre nós mesmos, sobre nossos pecados ou sobre as obras boas que realizamos. O foco principal é Deus e seu projeto de amor.
Doce violência de Deus impede que a alma viva para si mesma, por causa de sonhos vazios e inúteis.
Deus nos liberta dos amores, riquezas. Ele deseja ser o Esposo da amada para sempre.
Temor de Deus – piedade, ciência, inteligência, sabedoria, conselho... Discernimento – frutos do Espírito.
Criatura de paz e alegria, manso e humilde de coração. Transparência vida do coração de Cristo. Ser dominado pelo Espírito de Deus.
Amor de Deus – gratuidade e domínio de si. Ama pro que ele é Deus.
Seja em qualquer hora doente, cansado, pleno de pecado, o Senhor é minha grande alegria. Aliança nupcial minha alma exulta em meu Deus (Is 61, 10). Ninguém te chamará abandonada (Is 62, 3-5). Israel é a esposa predileta.
O Senhor é ciumento, porém rico em misericórdia. A traição da esposa é purificada pelo seu infinito amor. O perdão de Deus nos garante o retorno ao seu amor, a fidelidade e a comunhão com ele.
É duro quando o povo ouve do profeta: “essa não é mais minha mulher” (Os 1, 4-25). O profeta Ezequiel afirma: haverá uma transformação (cf. Ez 36, 26-28).
Israel se transformará num jardim bem irrigado (Jr 31, 12-14)
Amor esponsal (Is 54, 7-8). Amor eterno (cf. Jr 31, 3).
Sobre o lugar “O rei Salomão mandou fazer para si um baldaquino de madeira do Líbano” (Ct 3, 9).
Deus, no Antigo Testamento habitava em tendas (a Arca da Aliança...
“O rei Salomão mandou fazer um trono de marfim e o revestiu de ouro fino” (1Rs 10, 18).
O trono de Deus dura para sempre (Sl 45, 7)
Simplicidade e beleza. Jesus e o trono de Davi. Ele reinará para sempre (Lc 1, 31-33).
Escuta, filha de Sião (Zc 9,9). Bendito o que vem em nome do Senhor, o rei de Israel (Jo 12, 13-15). Ele é o príncipe da paz (Is 9, 5-6).
“O Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza” (Rm 8, 26). Abba Pai, dimensão filial (Gl 4, 6).
“Tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4, 13); “Quando sou fraco é que sou fraco” (2 Cor 12,10).
A alma não pode pertencer a Deus se ele não arranca suas raízes. Ruptura interior, afetos e paixões.
Ele nos tira do pecado como que em asas de águia. Ele nos tira do vale da morte, da lama do pecado, nos porões onde estivemos presos em nosso pecado.

Deus faz de nós (alma) o que ele quer. A alma sente muito em não viver a sua vida. Cristo deve ser a minha vida (cf. Cl 3,4), como foi do apóstolo Paulo.
Violência – no íntimo - liberdade interior.
O goleiro é o mais importante no futebol. Ele não pode deixar o adversário fazer o gol. Vigia – agilidade. Eu devo mudar sempre (Espírito).
Novo céu e nova terra (2 Pd 3, 13). Realização da civilização do amor.[15]
O poço da caridade é a cruz. O prêmio da caridade é Jesus.
Prolongamento da humanidade de Jesus. Deus alegra a esposa (Is 62, 5).
A fama da esposa é reflexo da beleza de Deus (Ez 16, 14).
Olhos vivos – plena de graça, inocência e fidelidade.
Os seios são os dois testamentos ou os dois Reinos de Israel (Ct 4, 5). Beleza íntegra e sem mácula. Beleza de Jesus transfigurado. Maria esposa e mãe. Devemos ser sempre manifestação sensível de Cristo.
“Faça que eu abra os olhos e não veja mais a mim mesmo, mas só Jesus” (Newman).[16]
Somos as mãos de Cristo para o mundo. Em Cristo, estamos unidos ao Pai, por meio de seu Santo Espírito.
Monte Moriá – o sacrifício de Jesus e de Isaac...
Colina do incenso. O Esposo despojado de suas vestes. Somente ele poderá nos desposar, pois, tornou-se livre para acolher toda a humanidade em torno de si.
Deus é... (questão existencial). A criatura ter... (questão de posse – provisória).
Silêncio diante de Deus. adorar, chorar, orar, ser humilde, contemplar.
Abismo do nada – abismo da perfeição.
Criatura – um com Deus  em Cristo.
“Uma só carne”, “um só espírito” (Mt 19, 5).
O que pertence ao esposo: a esposa. Uno em Cristo (Gl 3, 28).
Cristo é minha vida (Cl 3,4).
Cristo te conhece como sua esposa. Te ama, te possui, te salva, te santifica. [17]
Nada de medo. O Senhor é o Emanuel (Mt 1, 23). Deus me seduziu com o teu olhar.
Seduziu com as pedras de seu colar (Sete sacramentos). Nele provocou uma tempestade de alegria.
O coração de quem ama é ferido de amor. Aquele que diz sim a Deus. Noiva com o vel – união total (não consumada). Só será consumada na Eternidade.
Intimidade e ternura (irmã/noiva).
É necessário recriar na ordem da graça. Direito, justiça e perdão (Os 2, 21-22).
“Ninguém te chamará abandonada” (Is 62, 4-5).
A esposa do Cordeiro (Ap 21, 9).
Entre a esposa e o Esposo há uma loucura de amor. Um gesto pequeno de amor para Deus faz a diferença. Um pequeno gesto de caridade. Tudo será valorizado.
Quais são os muros que impedem o nosso encontro com o esposo?
Muitas vezes queremos que Deus venha em nosso auxílio. Mas quando abrimos nossos corações Ele afasta de nós, por causa de nossos pecados. Ele espera um novo contato e se for necessário age com violência para não nos ver sofrendo, distante dele e praticando o mal. O que devemos fazer é vigiar sempre, mesmo no sono devemos adormecer pensando em Deus.
É preciso levantar-se, converter-se com a Palavra. Sair da mediocridade, tibieza, vida pobre de oração, pobre de amor.
Deus é sempre novidade absoluta. É preciso renovar-se no espírito.
Amor queima e consome. A alma escuta a voz do esposo. O amor conserva o desejo de amar.
Predisposição para retornar a Deus, sua graça. Coração vigia alma não sabe o que deseja. Todos os bens da terra não a satisfazem. Não é o muito saber que satisfaz a alma...
A abertura de coração do homem não é o bastante para saciá-lo, mas apenas o sabor de que Deus está presente em nossa vida bem próximo já nos alegra o coração.
Muitas vezes não ouvimos a voz do amado. Ele mesmo se sacrifica para estar do nosso lado. O esposo vem à noite: “minha cabeça está cheia de orvalho e meus cabelos, do sereno da noite” (Ct 5, 2). Ele se sacrifica por amor a cada um de nós.
Assim o amado vem em nosso socorro e podemos sentir a sua presença. Semelhante a um casal apaixonado que se deixa enamorar com carinho: “Meu ventre estremece com o toque de meu amado” (Ct. 5,4). O ventre é sinal de profundidade. Dá-se a impressão de que toca a alma da pessoa. Tocar as vísceras significa experimentar os afetos mais violentos. Experimentar o amor e a dor.
Maria tornou-se disponível e estava preparada para tal missão a de servir ao Senhor e conservar-se plenamente em comunhão com Deus (Lc 1, 38).
Jesus derramou o seu sangue por nós, não apenas tomou o sereno da noite. Ele é louco de amor por seus irmãos (cf. Lc 22, 43-45). Ele não tinha aparência humana e nem beleza para ser contemplada (Is 53, 2-3).
O Senhor vem ao nosso encontro e bate na porta de nosso coração (cf. Ap 3, 20).
Eternidade e tempo. Uma experiência pequena de amor de nossa parte toca o coração de Deus.
O tempo é precioso. É um grande presente. Deus vem a cada instante. Ele não tem passado e nem passado. É sempre presente. Se eu não encontro com ele agora, posso cair no vazio. Para nós o passado não existe e o futuro é incerteza.
Caminhe humildemente com Deus (Mi 6,8).
Eterna juventude. Com o eterno, para duradoura, totalidade de vida.
Muitas vezes rejeitamos o amor de Deus. Como alguém que espera o Senhor, colocando uma roupa bonita, mas depois tira a roupa e volta ao comodismo de sempre. “Tirei minha túnica; vou vesti-la de novo? Lavei meus pés; vou tornar sujá-lo?” (Ct 5, 3).
No amor nada é pequeno. Tudo tem um peso de eternidade e infinito. O teu grito haverá de curar a minha surdez. Tenho fome e sede de ti. Como compreender que o homem se afasta do amor de Deus? 
Deus vem silencioso e parte em silencio. Que pena! Os homens não percebem Deus que passa em suas vidas.
Deus sofre quando a alma o abandona. Deus não exprime lamento, não grita, apenas respeita a liberdade da pessoa que diz não ao seu amor.
Esse é o exílio de Deus. Ele é humilde, discreto, pleno de delicadeza.
Deus conhece nossa fraqueza. Não critica, não condena, não é severo. Ele é dócil e paciente. Ao saber disso, podemos nos purificar melhor de nosso egoísmo.
A fome, ânsia de amor, dor de sua ausência e de nossa solidão.
Unidade. Peregrinação e felicidade eterna. Sabemos que não podemos entrar em comunhão total com Deus neste mundo.
O esposo é sempre aquele que sempre vem.
A alma é transportada pelo amor, mas existe a imperfeição, o egoísmo da criatura.
Corpo de morte (Rm 7, 24). 
Toque de Deus paralisam as faculdades humanas.[18]
Com Deus somos gigantes da fé. A alma tocada para Deus não é a mesma.
A alma, distante do amado, sente vontade de experimentar o seu infinito amor. Deus deseja purificar você de seu egoísmo. A internet, em muitos casos é sinal de pecado de egoísmo, a menos quando você a usa para interagir com as pessoas e partilhar o dom da vida com pessoas distantes, sendo luz para suas vidas.
Procurar, desejar e ter sede de Deus. Deus esconde porque nós o procuremos com paciência e paixão. Certa vez um filho de um rabino chegou para o pai, chorando e disse: “estava brincando de esconde-esconde com meu colega. Eu me escondi e ele não foi me procurar”. O pai disse ao filho: “Deus disse a mesma coisa!”. Devemos sempre procurar a Deus, mesmo quando ele se esconde de nós.[19]
As pessoas que poderiam ajudar é que se transformaram em pedra de tropeço. Instrumento do mal.
O exílio é quase um idílio de morte. Os perigos são constantes. As culpas do passado, às vezes em que a alma estava no pecado sentia triste e derrotada. Uma vez purificada está apta para contemplar a Deus, pois “os puros de coração virão a Deus”...
Até quando Senhor (Sl 13, 2-3.6). O ser humano procura sempre a Deus. A amada não reclama, cresce no desejo de encontra a Deus. a alma desfalece de amor. Ela se torna enferma, doente de amor. Perder a Deus é perder um pedaço de nós mesmos.
Passividade no amor. Nada de comodismo. Ser impelido a agir, a procurar e a amar continuamente.
O amor puro deve passar pelo caminho da dor e das provações.
O banquete da vida plena não pode ser conquistado nessa vida. Deus é exigente demais. Ele é eterno. Seria uma petulância querer prende-lo aos nossos esquemas mentais.
Muitas vezes somos superficiais no trato com Deus. Estamos tão ocupados em fazer um monte de coisa e não sobra tempo para o principal, viver o amor de Deus.
Deus veio ao mundo, não para participar de uma festa, mas para entrar em nosso mundo de trevas, de ódio, de pecado. Era rico e se fez pobre (2Cor 8,9). Despojou-se de si mesmo (Fl 2, 7).
O homem é mesquinho, pobre e impotente, mas com Deus é um gigante.
Quanto mais a alma conhece a Deus, mais ela toma consciência de ser nada. Porém, nada de ficar deprimida. É preciso ter humildade sempre.[20]
Jesus encontrou resistência por parte de Pedro que não queria que ele lavasse seus pés (cf. Jo 8, 32). Porém, o Senhor é a verdade e deseja que todos sejam um com ele, vivendo o seu projeto de amor (Jo 17,17).
No início não é fácil. Deus deseja que todos os obstáculos sejam removidos. Ele mesmo vem ao nosso encontro para demonstrar seu amor infinito e que tenhamos consciência de nossas limitações. Não se chega à comunhão total com Deus se ainda estamos sujos do pecado.[21] O que devemos fazer? Superar todo e qualquer tipo de agressividade: generosidade, prontidão, indiferença, contrariedades, oposições e vãs preocupações.
Levamos para Deus os nossos pecados e, Ele com imensa piedade nos perdoam e nos torna digno de seu banquete.
A busca da santidade e da salvação requer de nossa parte alegria interior duradoura que é fruto da prudência, capacidade de adaptar-se aos diferentes ambientes, sem perder a caridade e sem cometer pecado algum.
Se perseguiram a Cristo, perseguirá a Igreja, sua esposa. Sofrer por amor, sim. Por causa do pecado, não! É doloroso ser incompreendido, pior quando somos enganados e permanecemos no pecado. Podemos sofrer por causa da injustiça, porém sofrer por causa de nossas pirraças, nossa mania de achar que somos o dono da verdade é burrice. Quantas vezes ficamos em nossa posição, não abrindo mão de uma forma de atuar, de resolver os problemas, mesmo quando fomos atingidos por diversos modos. Esse tipo de sofrimento, podemos muito bem nos livrar dele.
Porque tanta resistência? A vida cristã é participação no mistério de Cristo. Para se chegar à glória ele teve que passar pela dor. Para redimir o mundo precisamos passar pela morte de nós mesmos.
Nenhum outro amor pode ser comparado com o amor da esposa pelo esposo. Nosso amor a Deus deve ser único. O Amor deve ser amado sempre, eis o primeiro de todos os mandamentos: “Amar a Deus sobre todas as coisas...
Deus se esconde, mas onde ele se esconde? Só pode ter escondido no interior de nosso coração. “Meu amado desceu ao seu jardim, ao canteiro dos aromas, para apascentar nos jardins e colher os lírios. Eu sou para o amado e meu amado é para mim, ele que apascenta entre os lírios” (Ct 6, 2-3). O jardim é o coração de todos nós, morada perfeita para o Bom Deus habitar. O Amado escondeu-se na parte secreta do jardim ele é o jardineiro de nosso coração. Uma vez que a alma se identifica com o Amado, todo o seu ser é inundado por sua presença. Ela pode sentir o seu cheiro, o seu perfume e viver segundo os seus desígnios de amor
O Bom Pastor deseja colher os frutos de nosso amor. Ele deseja encontrar o lírio da alegria em nosso coração, as rasas da esperança e a orquídea da fé. O jasmim da bondade e Hortência da sabedoria...
Se ele é o Pastor que reúne seus filhos dispersos (Jo 10, 16), necessita de nossa colaboração para conscientizar a todos da alegria de viver unido a ele e experimentar a vida em plenitude. Mas para isso acontecer é necessário percorrer um caminho interior, o caminho da alma e do coração.
O Esposo sofre para chegar até nós e penetrar no jardim de nosso coração (Lc 22, 43-45).E quando ele chega, percebemos o quanto precisamos melhorar. Quanto mais nos aproximamos da luz, mas descobrimos as sujeiras, nossa condição de criatura.
Quanto mais nos aproximamos de Deus, mais cresce em nós o desejo de servir os irmãos. A perfeição cristã não está simplesmente na contemplação de Cristo, mas na imitação de tudo o que ele fez. Trata-se de experiência de vida. Cristo é minha vida. 
Por que você se consagrou a Deus e por que vive sempre seguindo os seus passos? Quem é Jesus para você? É o Filho do home por excelência, cheio de bondade, de mansidão e de misericórdia. Tempo de oração profunda!
Sabemos que poucos conseguem se libertar do pecado de modo total, pois sempre ficam raízes do mal em nossos corações. O jardineiro sempre tem trabalho. As ervas daninhas são tantas que nem conseguem produzir boas mudas de flores e, muitas delas morrem sem atingir o tamanho adulto. Por isso não se pode contemplar flores nos corações de tantas pessoas, muito piores frutos.
A luta tem que ser contínua (cf. Lc 18, 1ss). A decisão é sempre da amada. Se não crescemos no amor, não progredimos na vida espiritual. Deus colocou em nós uma fonte para irrigar o jardim, porém, o que adianta se deixamos as sementes do pecado entrar em nosso coração?
Orar é dialogar com Deus. É preciso adorar, agradecer, louvar em todas as circunstâncias, porém, quando se fala de matrimônio espiritual as exigências são maiores. O caminho certo é abandonar-se em Deus, lançar-se em seus braços, agir com Ele. Entregar-se totalmente a ele.[22] É preciso viver para Cristo
Superar as provas exteriores e interiores, dificuldades, contrariedades e tentações. É necessário aceitar a morte do próprio eu. Quando a alma é purificada se transforma em luz esplêndida e perfumada. Ela se transforma numa rainha pronta para o seu Deus.
Para que o homem torna Deus, se fez homem.
O amor exige ternura e coragem. O amado é príncipe guerreiro. Ele vem em sua carruagem. Ele é a proteção do Povo de Israel (cf. Ct 6, 12; 2Rs 2,12).
Com o pecado a terra fica desértica, mas com o perdão de Deus ela floresce e se transforma num jardim “Os vales são aterrados e as montanhas niveladas”...
A amada dança de alegria na presença do esposo: “Quão belos são teus pés nas sandálias, ó filha de príncipe! Os contornos dos teus quadris são como colares” (Ct 7, 2). As sandálias é símbolo de pobreza mas também de liberdade.
Depois do exílio dança da vitória. O Esposo fica feliz quando contempla sua esposa toda pacificada. Esta é a alegria de Deus, a salvação de todos seus filhos e filhas. O homem está no coração do universo. Por isso é chamado a viver de acordo com suas leis (Ne 8, 9). “É hora de voltar ao Senhor” (Os 10, 12). Retornar à aliança de amor (Jr 31, 31-34).
Procurar a face do Senhor (Sl 24, 6).
O amor é exaltado: feminilidade perfeita. O amor é aberto, fecundo (Gn 1, 28).
Os olhos da esposa são como as piscinas uma junto às outras, refletindo o mesmo céu e a mesma paisagem. Seu nariz é como a torre do Líbano, sempre coberta de neve. A cabeça como o monte Carmelo rica em vegetação (cf. Ct 7, 5, 6).
O justo florirá como a palmeira (Sl 92, 13).
“Os teus seios serão como cachos de uva e o perfume da tua boca como o das maças. Teu paladar será como o vinho excelente” (Ct 7, 9). Nada é meu. Tudo é do Pai. Deus proverá sempre. A Igreja é uma realidade criada, porém, se ela está em comunhão com Deus fará a grande diferença. A humanidade inteira é sinal da presença de Deus.
O ENCONTRO ENTRE A ESPOSA E O AMADO

O encontro com Deus só é possível quando ele toma iniciativa. Ele nos ama com amor eterno (Jr 31, 3). Foi ele quem nos atrai, pois sem amor foi manifestado em Cristo de forma inigualável (cf. Jo 12, 32). Morrendo na cruz nos libertou do pecado e da morte para que tenhamos a possibilidade de viver em comunhão com o Pai. Eles nos amor e nos ensinou a amar. Apenas exige de cada um que esteja ligado a ele para produzir bons frutos (cf. Jo 15, 5). Ele salvou o povo de Israel da fúria do Faraó (cf. Ex 19, 4).

No encontro com Deus, nosso desejo é ser amado. O desejo sincero do amor já é a posse do amor.[23] Tomar posse do amor de Deus é compreender que somente ele pode ser o esposo de nossa alma (cf. Is 45, 4). Ele é o criador de todas as coisas. É o grande Deus, muito maior que todos os deuses (Sl 95, 3).

A Igreja na qual fazemos parte é a esposa de Cristo. Não somos donos da Igreja. Somos Igreja, membros de Cristo. Portanto, nossa alegria é a de viver unidos a Cristo que é esposo da igreja, na qual fazemos parte (cf. Jo 3, 29). Cada um atua de modo particular, mas todos são chamados a viver em harmonia como irmãos. Ninguém é melhor do que o outro. Todos têm os mesmos direitos e dignidade.

Os que abrem o coração a Deus e procuram amá-lo mais por meio de palavras, gestos, sobretudo quando se transformam em homens e mulheres de oração, recebe mais bênçãos. Quem reza chega sempre na frente e contempla Deus mais de perto. O encontro com Deus traz certo temor, pois aquele que o encontro terá que sair do anonimato e do comodismo. Disse o profeta Isaías: “Sou um homem de lábios impuros, vivo entre um povo de lábios impuros, e, no entanto, meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos” (Is 6,7).

Nosso Bom Deus deseja fazer aliança conosco. Ele deseja que nós sejamos seus hóspedes e nos chama a entrar em comunhão com ele, entrar em seu palácio e deliciar de seu banquete sagrado. Ele nos convida a participar do banquete com finas iguarias, regado de vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos (Is 25, 6). Ele nos chama para a festa de casamento de seu Filho (cf. Mt 22, 2). E constantemente nos chama a celebrar a renovação e atualização da Aliança do Cordeiro sem mancha, que é a Santa Eucaristia (cf. Lc 22, 19ss) Será que estamos dando ouvido ao convite de Deus?

Na celebração eucarística nossa tristeza é transformada em alegria (Jr 31,13). Isabel, grávida de João Batista sentiu estremecer o seu ventre, quando Maria, a mãe de Jesus veio visitá-la (cf. Lc 1, 44). A criança pulou de alegria em seu seio. A presença de Jesus foi percebida João Batista no útero materno. O encontro de Maria e Isabel nos ensina a abrir o coração para acolher o dom de Deus em nós.

Na união matrimonial, o cristão é convidado a viver o amor, louvar e agradecer a presença do Deus-amor em nossa história pessoa e comunitária. O amor é a regra de ouro para todos os que desejam encontrar-se com Deus.

Para nós cristãos o esposo é Cristo (Jo 1, 14). O apóstolo Paulo nos deu o testemunho: “para mim viver é Cristo” (Fl 1, 21; Gl 2, 20). Somente Cristo deve ser o esposo de minha alma, a vida de minha vida.[24] Por meio do Espírito de Cristo somos configurados a Cristo de modo que nossas atitudes devem ser de acordo com o mesmo Espírito (cf. Gl 5, 25).

O amado é para a alma como um perfume. Ele é o verdadeiro rei de Israel. Aquele que está sempre próximo de seu Povo. Para nós cristãos o modo excelente de estar unido ao Amado é amar: “Se alguém me ama, guardará minha palavra, meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada” (Jo 14, 23). É impossível ver Deus enquanto rezamos, porém, se esta oração é uma ação interior, o resultado é surpreendente. Um ato de amor, tendo como finalidade a prática da acolhida, da partilha dos bens e da justiça em relação ao próximo são sinais da presença de Deus na alma.

Na oração o Amado nos conduz ao deserto de nosso coração, a fim de revelar sua santa vontade (cf. Os 2, 16). Ele deseja falar conosco, entrar em comunhão conosco e deixar em nós o seu perfume de amor. Se não temos o cheiro de Deus não comunicaremos bem a grande novidade da revelação de Deus para salvação de toda a humanidade (cf. 2 Cor 2, 15). O apóstolo João afirma: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como oferenda de expiação pelos nossos pecados” (1Jo 4, 10). Nosso encontro com o Amado tem como objetivo a transformação de nosso coração e a salvação do mundo inteiro.


Todo Israel e toda a Igreja, o universo inteiro espera por Deu. Desde agora e para sempre (cf. Sl 131, 3). O importante é deixar ser amado por Deus.
Na oração somos chamados a nos abandonar nos braços de Deus. É preciso imaginar você no colo do Pai como uma esposa amada. O Esposo (Deus) segura a cabeça da esposa com a mão esquerda com ternura e aperta com a mão direita num abraço forte, dando-lhe carinho e segurança (Ct 2, 6). Uma vez que nos sentimos no colo do Esposo podemos repousar tranquilamente. É no colo de Deus que encontramos a verdadeira consolação.
A rainha Ester seduz o rei com sua beleza, embora ter infringido as regras e ter entrado na sala real não a permissão do rei. O resultado final foi a promessa de atender ao pedido de Ester, mesmo se fosse a metade de seu reino (Ver citação Festa N. Sra Aparecida).
“Levanta-te, minha amada, minha formosa, minha bela” (Ct 2, 10). Passando as provações: Ex 13, 4; Js 4, 19. É hora de entrar na Terra Prometida. Se o homem é renovado do encontro com Deus, toda a criação se renova e se transforma em paraíso
Chegou o tempo do canto (acasalamento das pombas) Ct 2, 11-13. Chegou o tempo do amor. Festas das flores. Acabaram as lágrimas, as tristezas.
Mostra-me a tua glória (Ex 33, 18). Mostra-me a tua face (Sl 27, 8-9).
A alma suspira pelo Amado. Ela se esconde dos outros para ficar a sós com o seu maior tesouro. Cristo é a rocha (1Cor 10, 4). Aquele que por amor morreu numa cruz. tua voz é doce e suave.[25]

Doentes de amor. Longa e dolorosa experiência de purificação (ausência do Esposo) tentações, provas, desolações interiores, vazio.
A voz do amado faz o meu coração palpitar. Pensamentos, coração, desejo a flor da pele.
Te espero Senhor. Em ti em pus toda a minha esperança ;
Te espero na certeza que virá no momento em que eu mais precisar;
Te espero com todo o meu desejo de um coração doado a ti;
Te espero e te procuro, no silêncio e reconhecer os seus passos;
Te espero no profundo de meu coração, como  se espera a felicidade;
Te espero, tu infinitamente rico, que deseja saciar a minha pobreza;
Te espero na hora das provações, tua luz que dissipa todas as sombras;
Te espero no momento da dor, tu és o conforto e sustento em todas as minhas dificuldades;
Te espero a cada instante, porque é sempre a hora do amor e da união;
Te espero, hóspede que vem sem avisar, amigo que bate na porta à meia noite;
Te espero até o dia em que serei acolhido em tua casa.
Amém.
A esposa escuta a voz de seu amado.
Deus é quem toma a iniciativa para que a alma se uma a Ele.
“Deus se fez homem, para que o homem tornasse Deus.[26]
Os cristãos vivem a vida de Cristo.
Muitas vezes contemplamos Deus do lado de fora do muro nos expiando.
A alma não pode retirar este muro (limitação).
Deus vem ao encontro do homem, mesmo quando ele se esconde por causa de seu pecado.
O Amado pula, dança porque deseja amar (Ct 2, 8). Deus habita no monte santo.
Como são belos os pés do mensageiro que anuncia a paz (Is 52, 7)
Ele nos chama pelo nome. Ele é familiar, íntimo.
Ele bate a porta da alma com humildade e discrição... É espontâneo, responde o amor da esposa.
A união da alma do esposo: no coração (espírito). Somente o Esposo pode abrir a porta.
Experiência mística: lançar-se nos braços de Deus como criança inocente.
Vida interior – silêncio, recolhimento, oração de intimidade.
Ser transportado para além da criação, tempo (com os dons do Espírito)
Desejo de morte para estar com Cristo (Fl 1, 23).
Ap 22, 17.20 Verei em breve! Vem, Senhor Jesus! Ver a glória de Cristo ressuscitado. Eu sou a ressurreição e a vida (Jo 11, 25-26).
Fonte: oceano. A alma reflete o amor de Deus
O Esposo chama pelo nome. Conhecer o Esposo significa conhecer a nós mesmos, irmãos e as coisas.
O homem não conhece o seu verdadeiro nome antes que Deus o tenha chamado pelo nome.[27]
Acorda! Desperte! Ele te chama. A indiferença, anonimato é morte. Voz do Esposo é o Espírito. Iluminação, moção interior.
Verdadeira experiência do paraíso aqui na terra.
O esposo é mais importante que todas as coisas criadas. Maria Madalena acreditou num mundo novo, onde o que interessa é o Amado.
Às vezes procuramos o Amado, mas não o encontramos. Por quê?
“Em meu leito durante a noite, procurei o amado de minha alma. Procurei-o, e não o encontrei” (Ct 3, 1). O salmista fala de pranto, gemido, por não encontrar o Senhor na oração (cf. Sl 6, 7).
Por que o Amado desapareceu? Será que vou encontrá-Lo? A amada decide sair á noite e percorrer as ruas da cidade para ver se era capaz de encontrar o seu amado. Sair à noite significa imprudência, correr o risco, mas por amor ao Amado ela corre esse risco. O que importa é o amado.
“Vou, pois, levantar-me e percorrer a cidade, pelas ruas e praças, procurando o amado de minha alma” (Ct 3, 2). Porém, o Esposo está presente. Só que ele é invisível a olho nu.
Encontrar em seu interior ou ultrapassar os limites, ir além de si para encontrá-lo.
A esposa não tem medo e nem vergonha. Ela é corajosa. Uma mulher à noite, de madrugada, andando pelas ruas, mais parece com uma meretriz. E a língua do povo? Mas, mesmo assim ela não encontrou o amado. Desilusão.
O Esposo se revela quando e como ele deseja.[28]
Deus parece castigar a alma que o procura. No itinerário – cidade/mundo, a esposa tem em seu coração apenas o desejo de encontrar o amado.
Os pais procuraram Jesus e o encontraram com os doutores da lei (Lc 2, 48).
Desesperada a amada pergunta aos guardas da cidade: “Acaso vistes, o amado de minha alma?” (Ct 3, 3). Angustiada e em lágrimas não ouviu nenhuma palavra sequer dos guardas. Assim, aconteceu com Maria Madalena. Pensando que era o jardineiro disse: “Senhor, se fostes tu que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo” (Jo 20, 15).
Depois de algum tempo de procura a alma encontrou o amado em seu próprio coração. Sua alegria foi enorme.
Muitas vezes procuramos Deus fora de nós. E esquecemos que ele habita em nosso interior. Quem deseja amar, deve experimentar o amor que está no interior de seu coração.
O único esposo (2 Cor 11, 2). Cristo tem fome de ti. “Quem tem sede vem a mim e beba. Quem crê em mim, do seu interior correrão rios de água viva” (Jo 7, 37,37-39). Junto ao poço de Jacó Jesus disse à samaritana: “Quem beber da água que eu darei, nunca mais terá sede, porque a água que eu darei se tornará nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna” (Jo 4, 14).
A esposa é virgem e mãe. A esposa de Cristo não é uma estátua de mármore. Virgindade é sinal de união com Cristo. Maternidade é sinal de fecundidade.
Cristo é o Esposo da Igreja e de cada alma.
Como é o toque de Deus em nós e como tocamos em Deus? Com a oração, louvor, suplica, gratidão, com boas obras, etc.
Deus é ternura, benevolência e compaixão.
Quando sentimos o perfume de Deus é hora de abrir a porta de nosso coração.
“Levanto-me para abrir ao amado: minhas mãos destilam a mirra e meus dedos, cheios de mirra escolhida, seguram a maçaneta da fechadura” (Ct 5, 5).
“Então abri ao amado: mas ele se afastara e passara a diante. Minha alma se derreteu, porque partira, procurei-o e não o encontrei, chamei-o e não o encontrei, chamei-o, e não me respondeu”. (Ct 5, 6). Muitas vezes gritamos, imploramos mais Deus está distante e não houve nossas súplicas. A alma que não escutou a voz de Deus não pode escandalizar com a ausência de Deus, pois é a sua conduta que não foi certa. A ausência de Deus deve suscitar na alma o forte desejo de purificar-se para de novo merecer viver em comunhão com Deus num matrimônio espiritual.
Alma: recorda o tempo em que viva em plena comunhão com o Amado e pode sentir o seu perfume.
Então, o que fazer, nada de repouso, comodismo. Mesmo enfrentando perigo da noite, a alma procura o Esposo.
É como a torre de Davi (forte) escudos e armas.
Ao procurarmos o Esposo poderemos colocar nossa vida em risco: “Encontraram-me os guardas da cidade: bateram em mim e me feriram, arrancaram-me o manto” (Ct 5, 7).
A pessoa que ama a Deus sente triste por não estar junto do amado. As dores de ter sido apanhado não é nada em relação à dor de estar longe de Deus. “É preciso obedecer mais a Deus do que aos homens”  ...
Violência na cidade (Sl 55, 10-12). Ausência de Deus e perseguição dos homens. Solidão e desolação.

MATRIMÔNIO ESPIRITUAL

A esposa abraça, sustenta, conforta, une com o esposo, transformando numa única realidade.

Não acorde a amada. Não seja interrompida a oração. Todo o momento de oração deve ser respeitado, senão os frutos são minguados.
O amor é abandono, é transformação. No amor encontramos nossa própria fonte que está dentro de cada um.
Permanecei no meu amor (Jo 15, 9). Como numa piscina de águas quentes em tempo de frio ou águas refrescantes em tempo de calor.
A união de amor: exigências profunda de vida. Nós precisamos de Deus mais do que o ar que respiramos. O que conta para Deus é o amor. Ele nos conquista por amor. O recolhimento, o silêncio, a contemplação, são atitudes de quem deseja aproximar e experimentar o amor de Deus.
Jogo divino de amor: ir e vir.
“Pastor entre os lírios” Eu para ele e ele para mim. (Ct 2, 16)
Israel acredita num único Deus (Dt 26, 17-18); Ez 36, 28; Jr 31, 33).
Lugar de encontro: Terra Santa.
União perfeita acontecerá na eternidade. Monte da aliança.
Noite: tempo da união amorosa com o Esposo.[29]                                       
Caráter sagrado: Eucaristia.
A vida cristã é desejo de encontrar com Cristo que vem.
Eis que estou à porta... (Ap 3, 20). Deus não força a alma.
Ele se faz humilde e pobre (cf. Fl 2, 7; Hb 9, 14).
Ele se faz nosso alimento e nossa bebida na eucaristia.
É o espírito, este centro profundo, preparado para o encontro com o Esposo, para a união de amor com a Esposa.
Ele revelou seu amor não aos sábios e entendidos, mas aos pequeninos (Lc 10, 21).
A criação é reflexo do paraíso.
O encontro com Deus e sempre único e novo. 1
Ah se eu pudesse fazer de meu amado prisioneiro. Não podemos prender Deus em nós. Ele é muito grande e não cabe em nossos esquemas pessoais e limitados. Por isso, para mantê-lo sempre presente em nós, devemos apenas amar e afastar de todo o tipo de pecado.
Deus não gosta de amor possessivo. Não deseja ser escravo, a menos que o seja escravo do amor.
A primeira esposa do amado é Israel. Nós formamos a Nova Jerusalém, a Igreja, Esposa de Cristo.
Depois do Exílio, os israelitas retornam à cidade santa, reconstrói o Templo. E no Templo existia uma sala do divino. Seria como a capela do Santíssimo. Este local se chamava o santo dos santos.
O esposo entra no quarto para realizar um novo nascimento para que a alma seja apenas dele. [30] Santa Elizabete da Santíssima Trindade afirma: “O Espírito consolador, desce em mim, para que seja realizada na alma uma encarnação do Verbo, que eu seja um prolongamento da humanidade, na qual Ele possa renovar todo o seu mistério”.[31] Nicodemos foi chamado a nascer do alto. Trata-se de um novo nascimento (cf. Jo 3, 3-6).
A alma deve abrir-se sozinha e quando Deus está presente deseja jamais afastar dele.
Que bom estarmos aqui. Farei três tentas.
O esposo é o hóspede da alma. Não é deste mundo. A alma não tem o poder de prender o invisível. A sua casa é o céu.
Quando a esposa é amada por Deus, jamais ela é a mesma. Há uma transformação. O Pai jamais esquece o filho (Lc 15, 13).
O que é o perfume da esposa que deduz o Esposo? É intermediário entre o material e o Espiritual. Atração espiritual. Amor sagrado, sacrifical espiritual.
Eucaristia – ação de graças, vinho hóstias.
Espírito Santo. Oração – transformação.
Igreja – oferta a Deus – União comunhão (Ef 5, 2). O perfume supera todos os aromas.
O autor dos Cânticos dos cânticos usa a expressão “leite e mel”. O que é melhor sabor. Que faz bem ao paladar e que sacia.[32] Paladar – boca - palavras dóceis (Ez 3,3).  Sl 119, 103.
Tesouro – a amada é sua, sem reservas
A amada é como um jardim fechado (Ct 4, 12). Nela tem uma fonte de água viva. A esposa é um paraíso terrestre.
Jardim bem irrigado (Is 58, 11).
Jardim do Éden – jardim do sepulcro – jardim do apocalipse.
Jardim fechado. Só o esposo pode comer dos frutos (Ct 4, 16).
Se alguém me ama, observa os meus mandamentos (Jo 14, 23).
Banquete Deus oferece o banquete. Nele tem tudo que alimenta. O profeta Isaías fala de “vinhos finos, carnes suculentas (cf. Is 25, 6). Venha todos provar do banquete, comer sem nenhuma paga (cf. Is 55, 1-2). Jesus, com cinco pães e dois peixes alimentou uma multidão (cf. Jo 6, 5-13). Na Última Ceia ofereceu seu corpo e sangue, por meio do pão e do vinho (Mt 26,26-28).
O amor doa alegria. Inebriar-se, sair de si mesmo. A esposa é a alegria de Cristo. Quais os frutos temos para oferecer a Cristo.
O Reino de Deus é como um rei que preparou um banquete para festa de seu filho. Todos foram convidados, porém poucos são os escolhidos (cf. Mt 22,1-14).
A Eucaristia é o banquete messiânico, imagem da Igreja visível e invisível.
Não jejuam enquanto o noivo está presente (cf. Mc 2, 19). Festa tem cantos, cores, aromas e perfumes.
bem-aventurados os que são convidados para as núpcias do cordeiro (cf. Ap 19.9).
Deus está sempre conosco, até o fim do mundo (Mt 28, 20).
“Durmo, mas o meu coração vigia” (Ct 5, 2). Vigiai para não cair em tentação (cf. Mt 26,41).
Santidade é fruto da graça e determinação. Não esqueça que você é criatura frágil. Confie no Senhor: “Durante a noite minha alma te deseja, com a força do espírito dentro de mim te procuro ansioso” (Is 26, 9).
Sede de Deus (Sl 42, 3). “Pedro e seus companheiros estavam com muito sono” (Lc 9, 32). A parábola das dez virgens...
Os empregados que esperavam o patrão chegar de madrugada...
O matrimônio espiritual significa crescer no desejo de Deus até configurar-se completamente com Ele, colocando em prática a sua santa vontade.
A vida espiritual é um vai e vem, altos e baixo, luz e trevas, ausência e presença.
Quando atingimos o nível alto da comunhão com Deus nada neste mundo é igual. Já não existe mais novidade. Trata-se de um relacionamento profundo com Deus.
Para alcançar o topo do monte santo, ou atingir o grau mais elevado de intimidade com Deus é necessário passar pela noite da purificação dos sentidos e pela dolorosa purificação do espírito. Tudo isso se consegue por meio das virtudes teologais: fé esperança e caridade. Sem a luz da fé, sem o conforto da esperança e sem a alegria do amor, é impossível chegar ao matrimônio espiritual.[33] Nesse processo acontece a cura da alma de toda instabilidade e infidelidade para identificar com o esposo sempre mais.
No encontro com Cristo a alma é saciada, porém jamais satisfeita.
Infinito no finito: conhecer para amá-lo. Estar perto e ao mesmo tempo distante. Se o amor não cresce, ele morre. E se cresce com ele, cresce também a ansiedade, o desejo de paixão. A ausência é sinal de sofrimento
O amor foi purificado pelo sofrimento. O amor é a nossa força que vence a Deus e todas as batalhas. Ele nos ama porque dependemos dele. Sabe que morremos no momento em que o amor vai embora. O amor é a energia da vida sem o qual o homem não sobrevive.
A amada encontra repouso em Deus. Ela foi criada para Deus. Não fomos criados para o mundo, mas única e exclusivamente para Deus. Nele as almas se purificam e contemplam sua beleza, sua bondade e santidade.
Ele seduz a amada e a amada o atrai. Ele respeita a liberdade da amada e por isso sofre. Espera o momento em que a dor e a solidão da amada façam mudar de ideia e venha ao seu encontro.
Quando eu digo sim a Deus acontece uma tempestade de alegria. Quando experimentamos o amor de Deus não vamos ficar mendigando por ai, por meio das criaturas o falso amor.
Há mais alegria no céu por um pecador que se converte do que noventa e nove justos (Lc 15, 10).
Para vivermos unidos a Cristo, ou melhor para conquistarmos a união plena com Ele, o caminho certo é a confiança e o amor. A meta é o Amor infinito de Deus.
Não podemos esquecer que muitos são chamados e poucos os escolhidos (Mt 22, 1ss).
A vida espiritual consiste em viver intimamente com Deus. E quando estamos em plena comunhão com Deus acontece uma grande festa em nosso coração.
Pão e vinho são símbolos dos bens messiânicos (2Rs 18, 32). O profeta Zacarias fala do vinho novo (Zc 9, 17). O Vinho bom em Caná da Galileia (Jo2, 1-11). Pão e vinho frutos da terra e do trabalho humano. É pão da partilha que une o Novo Povo de Deus. Em Cristo somos um. Homens, mulheres, judeus ou gregos, etc (Gl 3, 28).
O Matrimônio é um grande mistério. O homem e a mulher estão unidos de modo misterioso. Ambos são chamados a viver em comunhão com Deus, buscando em primeiro lugar o amor genuíno, somente depois é que ele partilha o seu amor com sua esposa ou esposo.
Dependência e intimidade: tu me amas mais do que estes? (Jo 21, 15). Não busque a santidade por si mesma.
“Vem, amado, saiamos para o campo, pernoitemos nas aldeias, de manha veremos se a vinha e as romãzeiras floresceram: ali darei meus amores” (Ct 7, 12-13).
“Deus se fez aquilo que nós somos, para que sejamos como ele é” (Santo Irineu).[34] O amor exige a mesma natureza. Ele se fez eucaristia (alimento real). O pão e o vinho são alimentos de que necessitamos para nosso sustento e para nossa alegria (Jô 6, 55-57). A Casa de nossa humanidade é pobre (Jo 1, 14). Ele habitou entre nós.
Riquezas do amor: vinho aromático e suco de romã. Suavidade, fortaleza. É inebriante. O caminho do amor não tem fim.
Espírito de amor (Jo 13, 34). O paráclito significa: aquele que está próximo de nós. Ele nos guia na verdade (Jô 16, 13). Ele reza em nós com gemidos inefáveis (Rm 8, 26).
União consumada: descer no abismo de Deus e não chegar até o fim. Deixe ser amado, atraído, possuído por quem nos ama infinitamente.
O amor é forte como a morte (Ct 8, 6). O amor sempre vence no final. Elizabete da Santíssima Trindade dizia; “Ao entardecer de nossa vida seremos julgados pelo amor”.[35] “O amor é paciente, não é invejoso (...) suporta tudo” (1Cor 13,1ss). “Quem nos separará do amor de Cristo?” (Rm 8, 31-39).
A vida dos santos: martírio e sacrifício. Entrega total a Deus à Igreja. Suas vidas foram Vidas das vidas, Homens e Mulheres entre homens e mulheres.
Que alegria quando ouvi que me disseram:vamos a casa do Senhor (Sl 122, 1ss).
João coloca a cabeça no peito de Jesus (Jo 13, 25).
A esposa do Cordeiro diz: Vem, Senhor Jesus (Ap 22, 17-20).
A maça é a arvore do amor. Comer de seus frutos. Onde tem amor tem vida. Desperta tu que dormes (Ef 5, 14). Somos chamados a produzir o fruto do amor. Ele nos marcou com seu amor, com seus dons para que tenhamos força e coragem para produzirmos as suas obras.
O amado marcou para sempre nossa fronte e nosso coração. Somo dele. Não pertencemos a ninguém (Ct 8, 6).
O amor vence tudo. A morte não impede a gente amar (At 2, 26-27). Cristo venceu a morte (1Pd 3, 13ss). Jesus nos amou com atos concretos (1Jo 3, 18).
Só em Deus eu repouso a minha alma (Sl 62). O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? (Sl 27, 1). Ele é o meu pastor. Se eu estou come ele, vivo sempre em paz e segurança (Sl 22, 1ss).
O verdadeiro protagonista de nossa vida espiritual é Deus, com seu amor e sua graça. Cristo é o Amado que ama com amor eterno a sua Esposa, que é a Igreja. Ele, em comunhão com o Pai nos enviou o seu Espírito Santo para nos dar coragem de determinação e sermos fiéis os seus projeto de amor (cf. At 2, 3).
Nem mesmo a serpente do Genesis (cf. Gn 3, 1ss) ou o dragão (cf. Ap 12, 15ss) do Apocalipse poderá vencer aquele que está revestido de amor. O amor tem a última palavra. Cristo, amor encarnado é o Princípio e Fim de todas as coisas (Ap 1, 17-18). Ele mesmo garantiu ao apóstolo João que virá em breve (cf. Ap 22, 17-20).
O amor é potente e precioso. É fogo que queima e consome. É forte como a morte. O amor é oblativo, ou seja, é sempre um agir em favor do outro. O amor verdadeiro não é egoísta.
Enfim, para nós merecermos ser amado por Deus e aprendermos a amar, devemos firmar nossa aliança de amor com Aquele que nos criou e com seu Filho e nosso irmão, o Mestre dos mestres. Mas para isso, deixemos de lado o pecado e tudo o que nos desune. Destruamos todos os ídolos e afeições desordenadas. Agindo assim, nossa alma avança no caminho verso a Deus.
E para termos acesso à fonte do amor, basta procurar o caminho da oração. É na oração que dialogamos com Deus e descobrimos o seu amor por cada um de seus filhos. É na oração que aprendemos a amar a Deus e a experimentar a delicadeza de seu perfume e a força de seu braço.
Jesus é manso e humilde de coração. Somente quem tem humildade aproxima dele e aprende com sua sabedoria. Deus se afasta dos que são violentos, preguiçosos, dos que são materialistas ou egoístas. Ele é Espírito perfeitíssimo que um dia se fez carne. Assumiu nossa pobreza para nos mostrar o caminho do paraíso e as condições para vivermos em plenitude nossa identidade. E quando descobrirmos nossa verdadeira identidade saberemos também qual é a nossa missão. A de darmos testemunho de seu amor.
Os discípulos de Jesus, os santos, os homens e mulheres que cresceram no amor de Deus tiveram que passar por duras provas, mas no fim foram agraciados pela presença do Altíssimo e fizeram muito pela Igreja, deixando para a humanidade seu testamento espiritual.
Ser discípulo de Jesus requer renuncia total de si mesmo e desapego de tudo o que não é Deus. O que conta é o amor. Só Deus basta! O caminho do paraíso passa por momentos de provação. O que não pode faltar são os atos de obediência em relação a Deus.
É preciso aceitar a morte de teu eu, para contemplar a Deus e descobrir a sua verdadeira identidade. Deus é nosso companheiro. Ele mesmo nos ajudará sempre nesta difícil missão: a de encontrarmos conosco mesmo e saber o mistério profundo no qual fomos inseridos. Todos têm uma missão específica. Deus nos chamou para a vida e para grandes projetos.
Jesus matou a morte com sua morte e abriu para nós o caminho que devemos também percorrer. Ele é o modelo perfeito no qual devemos imitar os seus passos. No final, receberemos a recompensa: “A morte foi tragada pela vitória: onde está, ó morte, a tua vitória? (cf. 1Cor 15, 55-57). Por meio de Jesus Cristo, damos glória ao Pai e permaneçamos sempre unidos a Cristo, o esposa de nossa alma, o dono de nosso coração.
Pe. Gualter Pereira da Silva
Monte Carmelo 15 de outubro de 2011






[1] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 313.
[2] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 88.
[3] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 235.
[4] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 231.
[5] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 63.
[6] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 101.
[7] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 101.
[8] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 149.
[9] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 151.
[10] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 172.
[11] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 172.
[12] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 173.
[13] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 197.
[15] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 217.
[16] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 224.
[17] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 226.
[18] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 279.
[19] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 280.
[20] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 286.
[21] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 287.
[22] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 349.
[24] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 52.
[25] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 148.
[27] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 152.
[28] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 176.
[29] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 160
[30] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 179.
[31] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 179
[32] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 242.
[34] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 390.

[35] GIUSEPPE MANZONI,  Il cântico dei cantici, Roma 1993, 408.